Foi aprovado pela Câmara dos Deputados o Projeto de Lei 528/2020, que propõe um aumento na mistura de combustíveis até o ano de 2030. Essa medida tem despertado entusiasmo entre os produtores rurais, mas também levanta preocupações para os motoristas brasileiros que utilizam carros e motos a gasolina.
O PL 528/2020 prevê um aumento na porcentagem de etanol na gasolina, passando dos atuais 27% para um limite máximo de 35%. Além disso, o projeto também inclui um aumento na proporção de biodiesel no diesel, que passará de 14% para 20%. Embora essas medidas tenham uma motivação ambiental, elas estão levantando preocupações sobre os possíveis impactos nos motores dos veículos e nos bolsos dos cidadãos.
Os proprietários de veículos têm duas preocupações principais em relação a essa medida: aumento no consumo e possíveis problemas que a gasolina com 35% de etanol pode causar nos motores automotivos.
Aumento no consumo
É inegável que os veículos que utilizarem a nova gasolina com maior proporção de etanol terão um aumento no consumo. Isso ocorre porque o etanol queima mais rapidamente do que a gasolina. Portanto, com uma maior quantidade de etanol na mistura, a queima será mais rápida. Além disso, não há garantia de que haverá uma redução nos preços desse combustível, o que seria uma medida justa para compensar o aumento no consumo.
Possíveis problemas nos motores
No que diz respeito aos motores, há diferenças entre os modelos. Os carros flex, por exemplo, enfrentarão apenas o problema do aumento no consumo, pois são projetados para receber tanto gasolina quanto etanol, independentemente da proporção. Esses motores flex foram projetados levando em consideração essa flexibilidade.
No entanto, o mesmo não se aplica aos motores que são projetados exclusivamente para gasolina. De acordo com o professor Hélder Giostri, especialista em tecnologia da mobilidade e engenharia de energia, esses veículos precisarão passar por ajustes eletrônicos para suportar a nova gasolina com maior teor de etanol. Essa mudança envolve uma atualização na central eletrônica do veículo para reconhecer essa nova mistura de combustível.
A falta de ajuste nos veículos pode resultar em um aumento na poluição, já que o motor não está preparado para lidar com a mistura de gasolina e etanol, que possuem propriedades e octanagem diferentes. Além disso, essa queima incompleta pode causar danos ao motor.
É importante ressaltar que os modelos nacionais fabricados recentemente ou nas últimas décadas não precisam passar por alterações mecânicas para lidar com a nova gasolina. A estrutura desses veículos já é projetada para receber diferentes percentuais de combustíveis. No entanto, carros importados podem ser afetados pelo aumento na proporção de etanol na gasolina, pois muitos deles não estão preparados para essa mudança.
Impacto ambiental e sustentabilidade
Embora as mudanças propostas tenham sido apresentadas como medidas sustentáveis para o mercado, é importante lembrar que esses combustíveis são produzidos por produtores rurais. O interesse político, principalmente da bancada ruralista, desempenha um papel significativo nessas decisões.
É inegável que o etanol polui menos do que a gasolina ao longo de seu ciclo de vida, desde a produção até a reciclagem. No entanto, as preocupações dos motoristas em relação aos impactos nos motores e nos custos devem ser levadas em consideração.
Ainda não está claro como essa medida será implementada e quais serão os possíveis impactos para os motoristas brasileiros. É importante que os órgãos responsáveis considerem essas preocupações e forneçam orientações claras sobre a adaptação dos veículos e possíveis incentivos para mitigar os impactos financeiros para os cidadãos.
Referência: Autopapo
Redator web writter, está sempre por dentro de tudo sobre o universo automobilístico, gosta de esportes, jogos e notícias automotivas. Iniciou os trabalhos na internet em 2022, realizando pesquisas, artigos, notícias e muito mais, sobre veículos e assuntos do nicho.