A Ford projeta um prejuízo de até 5,5 bilhões de dólares em sua divisão de veículos elétricos e software em 2025, um valor semelhante ao registrado no ano passado. O número reforça os desafios que a montadora enfrenta para reduzir os custos de seus modelos movidos a bateria e alcançar a lucratividade nesse segmento. Apesar das perdas no setor de EVs, a empresa prevê lucro geral no ano, embora inferior ao de 2024.

No último trimestre de 2024, a Ford registrou um lucro líquido de 1,8 bilhão de dólares, revertendo um prejuízo de 500 milhões no mesmo período de 2023. A melhora nos resultados foi bem recebida pelo mercado, mas as ações da empresa ainda caíram cerca de 5% após o expediente. O CEO da Ford, Jim Farley, enfrenta um cenário desafiador, tentando manter a estabilidade da montadora em meio a incertezas econômicas e políticas, incluindo a possível imposição de tarifas sobre importações do México e do Canadá pelo governo de Donald Trump.
Impacto das tarifas e desafios no mercado automotivo
Farley afirmou que a Ford conseguiria lidar com tarifas elevadas por algumas semanas, mas alertou que, se o imposto de 25% sobre importações do México e do Canadá for mantido por muito tempo, o impacto na indústria será significativo. A medida poderia reduzir bilhões de dólares em lucros e afetar empregos no setor automotivo dos Estados Unidos. Apesar da preocupação, Farley acredita que Trump não pretende prejudicar a indústria, mas sim fortalecê-la.
Mesmo diante das incertezas, a receita da Ford no quarto trimestre atingiu 48,2 bilhões de dólares, superando as projeções dos analistas, que esperavam um faturamento de cerca de 43 bilhões. O lucro ajustado por ação também ficou acima das expectativas, registrando 39 centavos contra os 33 centavos previstos.
Mudança de estratégia: foco nos híbridos

No ano passado, a Ford fez ajustes significativos em sua estratégia para veículos elétricos, cancelando o desenvolvimento de um SUV elétrico de três fileiras e adiando o lançamento da nova geração da picape F-150 Lightning. Agora, a montadora está priorizando os híbridos, ampliando investimentos em sua equipe de desenvolvimento de EVs na Califórnia e planejando o lançamento de uma picape elétrica de médio porte em 2027 com um preço mais acessível.
Em 2024, a Ford vendeu quase o dobro de híbridos em relação a veículos elétricos a bateria, com 187.426 unidades contra 97.865 EVs. Essa mudança de abordagem visa minimizar os impactos do possível fim dos incentivos fiscais para veículos elétricos nos Estados Unidos. Atualmente, alguns modelos ainda se beneficiam de um crédito de 7.500 dólares para compradores, mas esse benefício pode ser revogado pelo governo Trump, o que afetaria a demanda por elétricos no país.
A nova estratégia da Ford contrasta com a da General Motors (GM), que continua investindo fortemente apenas em elétricos. A GM planeja lançar diversos modelos EVs nos próximos meses, incluindo o Blazer e o Equinox elétricos. Segundo analistas, a Ford pode se sair melhor caso os incentivos fiscais sejam cortados, pois sua aposta nos híbridos pode garantir mais vendas e rentabilidade em um mercado mais competitivo.
Perspectivas para 2025 e desafios futuros

A Ford estima um lucro operacional antes de juros e impostos (EBIT) entre 7 bilhões e 8,5 bilhões de dólares para 2025, abaixo dos 10,2 bilhões registrados no ano passado. Segundo a nova diretora financeira da Ford, Sherry House, um dos principais desafios do setor será a queda de preços médios na indústria automotiva, estimada em 2% para este ano.
Além das questões financeiras e estratégicas, a montadora também tem se envolvido diretamente em discussões sobre o futuro do setor. No mês passado, o presidente do conselho da Ford, Bill Ford, revelou que Trump entrou em contato diretamente com ele para tratar de questões automotivas. Segundo Ford, o ex-presidente compreende a importância da indústria e da montadora dentro dela, e a empresa acredita que terá voz ativa nas decisões que impactam o setor.
Com mudanças de foco e desafios econômicos pela frente, a Ford busca se adaptar ao cenário atual sem abandonar completamente o mercado de elétricos. A aposta nos híbridos pode ser a solução para manter sua competitividade enquanto as incertezas sobre o futuro dos EVs persistem.
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