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Tesla em apuros na China: a crise que ninguém esperava dentro das lojas da marca

A situação da Tesla no mercado chinês está longe de ser tranquila. O que um dia foi uma história de sucesso meteórico, agora se transforma em um cenário tenso e recheado de pressão interna. A montadora de Elon Musk está enfrentando uma queda preocupante em vendas no país, e quem mais sente os impactos dessa reviravolta são os próprios vendedores da marca.

Tesla Model Y cinza na estrada.
Foto: Divulgação

Uma rotina insustentável

Funcionários da Tesla na China estão enfrentando jornadas exaustivas. Em algumas lojas, vendedores relatam turnos de até 13 horas por dia, todos os dias da semana, sem folgas. A exigência interna é clara: vender ao menos um carro por dia. Parece simples? Não quando se considera que a média de vendas em grandes centros como Pequim tem sido de três a quatro veículos por semana, e olhe lá.

Para cumprir metas cada vez mais rígidas, os vendedores precisam criar 10 perfis de potenciais clientes por dia, enviar convites para test drives e ainda realizar pelo menos quatro desses testes diariamente. Tudo isso com remunerações que não condizem com o esforço exigido.

Não é de se estranhar que o clima nas lojas esteja beirando o insustentável. A rotatividade dos vendedores disparou. Em algumas concessionárias da capital chinesa, toda a equipe de vendas foi trocada em menos de dois meses.

Com pressão extrema, metas consideradas inalcançáveis e ausência de incentivos reais, o desânimo é inevitável. A motivação de outrora, alimentada pelo prestígio de trabalhar para uma marca de inovação global, deu lugar à frustração.

A Tesla perdeu o brilho na China?

Durante os primeiros anos de atuação no país, os modelos da Tesla simbolizavam status, tecnologia de ponta e exclusividade. Hoje, essa imagem se dilui rapidamente. A marca deixou de ser um objeto de desejo e passou a ser apenas mais uma entre tantas opções no mercado chinês de veículos elétricos.

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A ascensão de concorrentes locais tem contribuído fortemente para esse processo. Empresas como BYD, NIO, Li Auto e a estreante Xiaomi não apenas oferecem veículos mais acessíveis, como também investem em tecnologias avançadas que atraem o consumidor chinês moderno.

Xiaomi já ameaça os modelos da Tesla

A entrada da Xiaomi no mercado de carros elétricos tem sido especialmente impactante. Seu modelo SU7 já superou o Tesla Model 3 em vendas locais, enquanto um SUV rival do Model Y está prestes a chegar. O prestígio tecnológico da marca, aliado à familiaridade dos chineses com seus produtos eletrônicos, tem impulsionado essa rápida aceitação.

Com preços competitivos e bom desempenho, os carros da Xiaomi podem representar a virada definitiva na preferência do público, empurrando a Tesla para uma posição desconfortável.

Xioami SU7 azul parado na diagonal.
Foto: Divulgação

Para tentar reverter a maré, a Tesla lançou mão de incentivos como financiamento com taxa zero de juros, especialmente para seus modelos de entrada, como o Model 3 RWD. No entanto, mesmo essas condições vantajosas não têm sido suficientes para elevar a demanda.

A percepção do consumidor chinês está mudando, e não se trata apenas de preço. A novidade perdeu força. A Tesla já não é vista como única ou insubstituível, e o consumidor passou a buscar diferenciais que outras marcas têm conseguido oferecer com mais consistência.

Além dos desafios comerciais e operacionais, um novo obstáculo começa a se formar: a geopolítica. As tensões entre Estados Unidos e China, que voltaram a se intensificar com a administração Trump, começam a influenciar o comportamento de compra do consumidor chinês.

Embora Elon Musk ainda não tenha sido diretamente rejeitado pelo governo chinês ou pela opinião pública local, a crescente desconfiança em relação a produtos norte-americanos pode afetar as marcas dos EUA em curto prazo — e a Tesla, como uma das mais visíveis, já sente esse impacto.

Tesla Model 3 preto na estrada.
Foto: Divulgação

Futuro incerto no maior mercado de elétricos do mundo

A Tesla se encontra em um ponto crítico na China. O país, que até então era visto como a grande aposta da marca para consolidar sua liderança global, agora se apresenta como um campo minado. A combinação de concorrência afiada, pressão sobre os funcionários e um declínio evidente no apelo da marca coloca a montadora em uma encruzilhada.

Como resumiu um vendedor em entrevista: “Já se foi o tempo em que o cliente batia na porta. Agora, convencer alguém a comprar um Tesla exige um esforço que nem sempre vale a pena”.

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