Você já se perguntou por que tantos veículos trafegam muito acima dos 120 km/h nas rodovias? Apesar das leis que estipulam essa velocidade como limite, as infrações continuam crescendo, e as consequências são dramáticas. Em 2023, os registros de excesso de velocidade aumentaram 132% no Brasil, tornando essa prática uma das maiores causas de acidentes fatais. Mas afinal, o que motiva os fabricantes a não instalarem limitadores de velocidade em seus carros, e como isso afeta a segurança de todos? Nesta análise completa, vamos explorar os fatores por trás dessa realidade, discutir os impactos no trânsito e apresentar evidências que mostram a relação direta entre velocidade e risco de acidentes. Prepare-se para descobrir segredos que vão mudar sua percepção sobre o volante!

O Impacto Alarmante do Excesso de Velocidade
Estudos realizados por organizações internacionais, como a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e a Organização Mundial da Saúde (OMS), apontam que a velocidade excessiva é um dos principais fatores de risco para acidentes fatais. Em países de alta renda, aproximadamente um terço das mortes no trânsito é atribuído ao excesso de velocidade, enquanto em nações de baixa e média renda esse percentual pode chegar a metade. Um dado que chama a atenção é que, para cada aumento de apenas 1% na velocidade média de um veículo, o risco de um acidente fatal pode subir em cerca de 4%.
Essa relação não é apenas estatística; ela tem consequências reais nas ruas. Em casos de atropelamentos, por exemplo, a probabilidade de morte de um pedestre pode aumentar 4,5 vezes se a velocidade do veículo saltar de 50 km/h para 65 km/h. Em colisões entre automóveis, os ocupantes enfrentam um risco ainda maior: a chance de fatalidade pode atingir até 85% quando o carro atinge 65 km/h. Esses números evidenciam que ir rápido é um fator crítico na segurança viária e que pequenas variações podem resultar em desfechos trágicos.
A Falta de Limitações Impostas pelos Fabricantes
Surpreendentemente, uma das razões para que os carros atinjam velocidades proibidas é que os próprios fabricantes não são obrigados por lei a instalar limitadores de velocidade. Isso significa que, mesmo que haja uma regulamentação para os limites de velocidade nas vias públicas, os veículos podem ser produzidos sem dispositivos que restrinjam sua velocidade máxima. Essa liberdade, que pode ser vista como um atrativo para alguns consumidores, acaba gerando riscos que se refletem na prática.
Um estudo da Universidade de Lund, na Suécia, demonstrou que motoristas de carros com limitadores de velocidade frequentemente se sentem “presas” na pista. Esses condutores relatam uma sensação semelhante à claustrofobia ao perceberem outros veículos ultrapassando-os constantemente, o que pode levar a comportamentos agressivos e a tentativas de ultrapassagem arriscadas. Assim, a ausência de limitadores pode, paradoxalmente, criar um ambiente de insegurança e estresse para todos os usuários das vias.
Marketing e a Ideia de “Liberdade” na Direção
Para os fabricantes de veículos esportivos, especialmente aqueles voltados para um público que valoriza a performance, a instalação de limitadores de velocidade pode ser prejudicial do ponto de vista do marketing. Muitos desses carros são vendidos com o apelo de proporcionar uma experiência de aceleração intensa e uma sensação de liberdade ao volante. Limitar a velocidade desses modelos poderia reduzir o principal atrativo para os entusiastas, afetando negativamente as vendas.
Portanto, a decisão de não incluir limitadores é, em parte, estratégica. As montadoras preferem apostar que a liberdade de acelerar será mais valorizada pelos consumidores, mesmo que isso signifique maiores riscos. Entretanto, essa decisão tem um custo social elevado, pois contribui para o aumento dos acidentes e, consequentemente, para as estatísticas alarmantes de mortes no trânsito.
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A Experiência dos Motoristas e a Falsa Sensação de Segurança
Outra questão relevante é que a falta de limitadores pode criar uma falsa sensação de segurança entre os motoristas. Muitos acreditam que, uma vez que estão dentro do limite legal, estarão seguros. Contudo, essa percepção ignora outros fatores cruciais para a segurança viária, como as condições da pista, o comportamento dos outros condutores e a necessidade de adotar práticas de direção defensiva. A realidade é que, mesmo dirigindo a 120 km/h, se a via não estiver em boas condições ou se houver um imprevisto, as chances de um acidente aumentam consideravelmente.
Essa falsa segurança pode levar os motoristas a negligenciar medidas básicas de prevenção, como manter a distância de segurança e reduzir a velocidade em situações de risco. Em um estudo realizado pela OMS, ficou comprovado que a educação e a conscientização dos condutores são fundamentais para reduzir os índices de acidentes, mas isso só é possível se os motoristas entenderem que a segurança depende de um conjunto de práticas, e não apenas do cumprimento do limite de velocidade.
Exemplos de Adoção de Tecnologias de Segurança
Enquanto alguns países têm optado por instalar sistemas inteligentes que alertam o motorista quando o limite é ultrapassado, a União Europeia, por exemplo, está implementando o chamado ISA – Assistente Inteligente de Velocidade. Esse sistema utiliza câmeras e dados de GPS para monitorar a velocidade do veículo e emitir alertas sonoros, visuais e até mesmo físicos, como vibrações no volante ou no pedal do acelerador, para relembrar o condutor dos limites permitidos.
No entanto, o ISA não impõe uma restrição automática, pois há riscos de erros na interpretação dos dados, principalmente em situações emergenciais onde ultrapassar o limite pode ser necessário para evitar um acidente. Essa abordagem, embora inteligente, mostra que a solução para o problema do excesso de velocidade passa tanto pela tecnologia quanto por mudanças no comportamento dos motoristas.

A Discussão no Congresso e os Desafios Legais
No Brasil, a discussão sobre a obrigatoriedade de limitar a velocidade dos carros já passou pelo Congresso Nacional. Em 2010, o deputado federal Pompeo de Mattos (PDT-RS) apresentou um projeto de lei que exigiria que os carros saíssem de fábrica com uma velocidade máxima de 140 km/h. A ideia era reduzir fatalidades no trânsito em até 60%, mas o projeto acabou sendo arquivado. Essa tentativa demonstra que, apesar das evidências sobre os riscos do excesso de velocidade, ainda há resistência tanto dos fabricantes quanto de alguns segmentos da sociedade em adotar medidas que possam restringir a liberdade de acelerar.
