Contratar um seguro de carro é uma decisão essencial para qualquer motorista que se preocupa com segurança e prevenção de prejuízos. Porém, a tentação de optar pela apólice mais barata pode acabar custando caro. Segundo a Proteste, entidade de defesa do consumidor, muitas apólices acessíveis escondem cláusulas que excluem situações comuns do cotidiano.
E o problema não está só no valor pago, mas no que o seguro não cobre.

Cláusulas de exclusão: você está realmente protegido?
É comum que o motorista descubra os limites do seu contrato só depois de sofrer um sinistro. Muitos seguros aparentemente completos, na verdade, excluem coberturas importantes — e isso está sempre nas “letras miúdas” que poucos leem.
Entre as exclusões mais comuns estão:
- Acidentes durante tumultos, greves ou manifestações: essas situações, por envolverem risco elevado, muitas vezes são ignoradas pelas seguradoras;
- Falhas elétricas ou mecânicas: se o carro pegar fogo por um curto-circuito interno ou travar em movimento por pane elétrica, você pode não receber indenização;
- Danos decorrentes de uso indevido: como dirigir embriagado ou participar de rachas.
Tudo isso pode ser legalmente negado, mesmo com o seguro pago em dia.
Perfil do motorista: o fator que muda tudo
Você sabia que a maneira como você preenche seu perfil pode alterar significativamente o valor do seguro?
A Proteste destaca que o perfil do condutor tem mais peso na cotação do que o carro em si. Itens como:
- Idade e sexo do motorista;
- Local de residência;
- Quantidade de pessoas que usam o veículo;
- Quilometragem média mensal;
- Histórico de sinistros ou multas.
Todos esses dados impactam diretamente no valor final. Se você omitir ou alterar essas informações para pagar menos, corre o risco de perder toda a cobertura.
Mentir para economizar? Risco de perder tudo
Fraude no preenchimento do perfil é motivo para perda total do direito à indenização. Se, por exemplo, o seguro for contratado no nome do pai para uso do filho (sem declarar isso), a seguradora pode recusar qualquer pagamento após um acidente.
Além disso, o novo Código Civil é direto: se o segurado intencionalmente agravar o risco, como dirigir sob efeito de álcool, perde automaticamente a cobertura, sem chance de recurso.
Coberturas: nem todo seguro cobre tudo
Antes de fechar o contrato, você precisa entender que existem diferentes tipos de cobertura, cada uma com suas limitações. As principais são:
1. Cobertura Compreensiva (ou Total)
Inclui colisões, roubos, furtos, incêndio e danos a terceiros. É a opção mais completa, mas também a mais cara. Ideal para carros novos ou de alto valor.
2. Cobertura contra Roubo e Furto
Mais básica e comum em seguros mais baratos. Não cobre colisões, o que pode ser um problema em cidades com alto índice de acidentes.
3. Cobertura de Responsabilidade Civil (RCF-V)
Foca nos danos causados a terceiros: tanto materiais quanto corporais. Não protege seu carro, mas evita ações judiciais.
4. Coberturas Adicionais
Você pode incluir serviços como:
- Assistência 24h (guincho, troca de pneu, pane seca);
- Carro reserva;
- Proteção para vidros, faróis e lanternas;
- Cobertura de equipamentos (som, rastreadores);
- Seguro contra eventos naturais (chuvas fortes, enchentes).
O importante é saber que coberturas extras encarecem o seguro, mas também trazem tranquilidade em situações imprevisíveis.

O valor da franquia: o que muita gente ignora
A franquia é a quantia que o segurado paga do próprio bolso quando sofre um sinistro parcial. Isso vale, por exemplo, para colisões onde o conserto não resulta em perda total.
A lógica é simples:
- Franquia alta = seguro mais barato
- Franquia baixa = seguro mais caro
Se você escolheu a franquia mais alta para pagar menos mensalmente, precisa considerar se terá dinheiro disponível caso aconteça um acidente.
Atendimento e burocracia: pontos que você precisa investigar
Na hora de acionar o seguro, o que mais pesa não é só o que está no contrato, mas como a seguradora trata o cliente. É nesse momento que muitas pessoas percebem que contrataram uma empresa com péssimo suporte.
Você pode conferir isso com:
- Pesquisas de reputação em sites como Reclame Aqui;
- Grupos de discussão de motoristas nas redes sociais;
- Avaliações de clientes em fóruns automotivos.
Transparência é tudo: leia cada cláusula
Mesmo com todas as informações no contrato, muitas pessoas não leem ou ignoram termos técnicos. Isso abre margem para frustrações. Ao assinar a apólice, você está concordando com tudo que está escrito — mesmo o que não entendeu.
Dica: tire dúvidas com o corretor antes de fechar.
O papel do corretor: muito além da venda
Um corretor de confiança pode ser seu maior aliado. Ele te ajuda a:
- Comparar propostas de várias seguradoras;
- Identificar quais coberturas realmente valem a pena;
- Personalizar o seguro para seu perfil de uso;
- Evitar pagar por coberturas que você não precisa.
Não é apenas sobre fechar negócio, mas sobre garantir proteção real.
Casos reais de frustração com o seguro
É comum ouvir relatos de motoristas que, mesmo pagando o seguro, tiveram o sinistro negado. Alguns exemplos:
- Um carro que pegou fogo por defeito elétrico não foi indenizado;
- Um motorista que estacionou em local alagado e teve perda total, mas não estava coberto contra fenômenos naturais;
- Um jovem que dirigia o carro do pai, mas não constava na apólice, e ficou sem cobertura após batida.
Esses casos mostram como não entender o contrato pode resultar em prejuízos altos.
Qual é o melhor seguro para você?
Não existe uma única resposta. Depende de fatores como:
- Quanto tempo você dirige por semana;
- Onde você mora e estaciona;
- Se costuma viajar com frequência;
- Se seu carro é financiado (bancos exigem cobertura total);
- Se você depende do carro para trabalhar.
Cada situação pede um tipo de proteção diferente.
O barato pode sair caro
Antes de se iludir com um seguro de R$ 100 mais barato, reflita: vale a pena correr o risco de não ser indenizado quando mais precisar? A economia no início pode virar dor de cabeça depois.

Como contratar um seguro com segurança?
- Faça cotações com diferentes seguradoras;
- Leia o contrato com atenção;
- Escolha um corretor confiável;
- Pesquise a reputação da empresa;
- Considere suas reais necessidades e rotinas;
- Nunca minta no perfil de uso do carro;
- Avalie a franquia e veja se consegue arcar com ela;
- Fique atento às coberturas adicionais — às vezes, valem muito a pena.
Um jovem que está iniciando sua vida no mundo automobilístico, carregando uma enorme paixão sobre o assunto. Se formou no Ensino Médio em 2023 e pretende se ingressar em uma faculdade. Um jovem que nos tempos vagos, se interessa em fazer atividades familiares.