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Navio chinês lotado de carros elétricos chega ao Brasil e esquenta disputa com indústria nacional

Uma nova leva de veículos elétricos desembarcou em solo brasileiro e trouxe consigo mais do que apenas carros. A movimentação da gigante chinesa BYD reacendeu uma polêmica com a indústria automotiva nacional, principalmente com a Anfavea, que alega concorrência desleal.

Desta vez, o navio chegou carregado com mais de 7 mil unidades, todas vindas diretamente da China, como parte de uma estratégia para reforçar o estoque da marca antes do próximo aumento na alíquota de importação de veículos eletrificados.

Essa é a segunda grande remessa da marca no ano, evidenciando uma corrida contra o tempo. Em fevereiro, o primeiro carregamento trouxe cerca de 5.500 unidades, mas o mais recente elevou o volume para 7.117 veículos. A ação tem um objetivo claro: escapar do reajuste previsto na alíquota de importação que passa de 18% para 25% já em julho.

Navio da BYD descarrega vários carros elétricos.
Foto: Divulgação

Estoques inflados antes do imposto

A manobra permite que a marca reduza ou até elimine o repasse de custos extras ao consumidor, uma vez que o imposto é calculado com base na data de entrada do veículo no país, não na de venda. Isso coloca a BYD em uma posição vantajosa no mercado local, ao menos temporariamente.

O plano inicial da fabricante era iniciar a produção local ainda em 2024, na planta de Camaçari, na Bahia. No entanto, atrasos nas obras da fábrica postergaram esse cronograma. Enquanto isso, a marca aproveita o vácuo regulatório e amplia a presença de seus modelos importados.

Anfavea sobe o tom contra os chineses

A Anfavea, entidade que representa os fabricantes instalados no Brasil, vê com preocupação o avanço da BYD e de outras marcas chinesas como a GWM. Para a associação, essa movimentação desorganiza o setor e prejudica empresas que seguem as regras de produção local.

Segundo a entidade, a BYD já mantém cerca de 40 mil carros em estoque no país, número considerado elevado e desproporcional em comparação às montadoras tradicionais. Em resposta, a Anfavea solicitou ao governo federal que antecipe o aumento do imposto para 35%, valor que só deveria vigorar em julho de 2026.

O argumento é de que essa antecipação seria essencial para preservar empregos, investimentos e a estabilidade da indústria automotiva nacional, que enfrenta um momento de transição para tecnologias mais sustentáveis.

Guerra comercial silenciosa

Essa disputa acirra uma tensão crescente entre os interesses da indústria nacional e os movimentos agressivos das fabricantes chinesas. A entrada em massa de veículos elétricos importados, a preços mais competitivos, coloca pressão sobre o setor, que tenta se adaptar às novas exigências de mercado e à eletrificação.

Leia também: BYD vai surpreender a Europa com fábrica e baterias locais!

De acordo com a Anfavea, outros países com forte tradição automotiva já impõem barreiras mais severas às importações. Nos Estados Unidos e no Canadá, a alíquota para modelos elétricos vindos da China pode chegar a 100%. Na Europa, esse valor pode alcançar até 48%.

O Brasil, por sua vez, vinha mantendo uma política mais branda, justamente para incentivar a adoção de tecnologias limpas. No entanto, essa flexibilidade agora se volta contra as fabricantes locais, que alegam não conseguir competir em igualdade de condições com o modelo de negócios chinês.

A corrida pela eletrificação no Brasil

Apesar da controvérsia, a movimentação da BYD não deixa de indicar um crescimento considerável na procura por veículos elétricos e híbridos no país. O consumidor brasileiro, cada vez mais interessado em sustentabilidade e economia de combustível, tem encontrado nos modelos chineses uma alternativa viável e moderna.

A expectativa é que, com o início da produção nacional da BYD e de outras montadoras, a disputa se torne mais equilibrada. No entanto, até lá, o cenário deve continuar tenso, com pressão dos dois lados e atenção redobrada por parte do governo federal.

Carro elétrico da BYD saindo do navio.
Foto: Divulgação

A chegada em massa dos carros eletrificados e a polêmica em torno da taxação das importações levantam uma discussão importante sobre como equilibrar inovação, acesso ao consumidor e proteção da indústria nacional.

Para a BYD, esse é o momento de marcar território e consolidar sua presença no Brasil. Para a Anfavea, é hora de reagir e buscar formas de preservar o que ainda resta da hegemonia da indústria automotiva brasileira.

Enquanto isso, o consumidor segue observando, esperando por preços mais competitivos e opções sustentáveis que realmente caibam no bolso.

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