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Bilhões em risco: isenções de impostos ameaçam cofres de São Paulo até 2028

As isenções fiscais concedidas pelo governo de São Paulo podem provocar uma perda gigantesca nos cofres municipais nos próximos anos. Segundo cálculos apresentados pelo deputado estadual Luiz Cláudio Marcolino (PT-SP), a cidade de São Paulo pode deixar de arrecadar cerca de R$ 14,1 bilhões até 2028, somando as renúncias de ICMS e IPVA. A projeção preocupa autoridades e especialistas, que alertam para o impacto direto no financiamento de serviços públicos.

Em 2026, por exemplo, a estimativa é que o prejuízo chegue a R$ 4,4 bilhões. O valor é significativo, considerando que metade da arrecadação do IPVA pertence aos municípios. Essa regra de partilha torna qualquer isenção um golpe direto nos orçamentos locais, especialmente nas grandes cidades, onde a frota de veículos é expressiva.

carros no trânsito.
Foto: Divulgação | carros no trânsito.

Peso no orçamento

A perda de receita com o IPVA representa um desafio fiscal relevante para a capital paulista. De acordo com o estudo, os R$ 4,4 bilhões previstos em renúncias para 2026 equivalem a cerca de 4,4% do orçamento da administração direta do município. Em cidades menores, o cenário é ainda mais grave: em 13 municípios paulistas, as isenções superam 10% do orçamento total. Rosana, por exemplo, pode enfrentar uma perda de até 17,47%.

Esses números demonstram como a política de isenção afeta não apenas São Paulo, mas todo o estado. A redução nas receitas municipais tende a comprometer áreas essenciais, como educação, saúde e segurança pública, já que os municípios dependem desses recursos para manter serviços básicos.

Propostas de compensação

Diante da dimensão do problema, o deputado Luiz Cláudio Marcolino pretende apresentar uma emenda ao orçamento estadual. A ideia é obrigar o governo do estado a assumir integralmente o custo de serviços que hoje recaem sobre os municípios, como o fornecimento de merenda escolar e o pagamento das operações delegadas da Polícia Militar. Essas medidas, segundo ele, poderiam aliviar as finanças locais e reduzir o impacto das renúncias fiscais.

O parlamentar ressalta que a política de isenções, embora possa ter justificativas econômicas em determinados setores, precisa ser acompanhada de compensações claras. Sem isso, a responsabilidade financeira acaba sendo transferida aos municípios, que enfrentam limitações orçamentárias e aumento da demanda por serviços.

Alerta do Tribunal de Contas

O Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP) já havia criticado a falta de racionalidade na concessão dessas isenções. O órgão apontou que o governo estadual não tem demonstrado, de forma transparente, o retorno econômico esperado das medidas, o que aumenta a preocupação sobre o equilíbrio fiscal do estado e de suas cidades.

Para o TCE-SP, é essencial que as isenções sejam acompanhadas por estudos de impacto detalhados e revisões periódicas. Do contrário, a renúncia de receita pode se transformar em um obstáculo para o desenvolvimento municipal e para a manutenção de serviços públicos de qualidade.

Debate em aberto

A discussão sobre a renúncia de impostos promete ganhar força nas próximas sessões da Assembleia Legislativa. Além do debate sobre o impacto orçamentário, cresce a pressão para que o governo apresente dados mais transparentes sobre os resultados econômicos dessas medidas.

Enquanto isso, prefeitos e gestores municipais seguem em alerta, buscando alternativas para equilibrar as contas diante das perdas projetadas. O tema deve dominar a pauta política de 2025 e 2026, especialmente em ano de revisão orçamentária.

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